Incongruências

— Já há tempos q’andava a ver as pencas lá da minha vizinha... Todas vistosas, altas! E as minhas umas raquíticas, mirradas que dá pena...
— Andava D. Maria?
— É Sr. Aníbal. Quando fui ao Manel da venda falei-lhe «Ó Sr. Manel, a minha vizinha tem umas pencas que me envergonham...».
— E ele?!
— «É hormona que ela lhes bota, D. Maria, é hormona» e eu perguntei-lhe logo! «É Sr. Manel?! E onde é que ela arranjou disso?».
— E o gajo?!
— Disse-me, «espere só um bocadinho...».
— É?!!
— É!! Foi lá dentro e voltou-me com um frasquinho pequenino de plástico, disse-me, «A D. Maria bota duas gotinhas disto junto do pé de cada penca, e depois vê!»
— Duas gotas?
— Sim, duas gotas!
— E funciona?
— Por enquanto ainda não vi diferença. Mas sabe o que ele me disse mais?!
— Quê, D. Maria?
— «Só ponha nas que forem para vender no mercado, nas que forem para guardar para si não ponha!»
— Só nas que forem para vender?
— Sim Sr. Aníbal. Nas que forem para casa não...
— Ai o gajo...

Saí do comboio em Ermesinde, se fosse até Famalicão com a D. Maria e Sr. Aníbal mais teria para contar...

A Câmara de Lisboa propõe-se iniciar uma campanha contra os Graffiti’s em Lisboa mas demonstra um grave desconhecimento sobre estes e o que move quem os faz.

Os graffiters, como a maioria de nós, procuram a máxima exposição possível e, essencialmente, o reconhecimento dos seus pares. Nenhum graffiter que se preze vai decorar as paredinhas e painéis generosamente destinados a isso pela CML. Seria imediatamente classificado de betinho e votado ao ostracismo pela comunidade.

As campanhas anti-graffiti’s não podem ser publicamente anunciadas aos sete ventos, devem ser feitas discretamente. Este tipo de anúncio excita as hostes, muito em breve haverá uma explosão de graffiti’s.

O único ponto positivo parece-me ser o reconhecimento que este problema não pode ser resolvido com campanhas efémeras, que de uma forma continuada os graffiti’s devem ser limpos no mais curto espaço de tempo possível. Os graffiters, vendo que as suas obras são rapidamente “abafadas” e não obtendo o reconhecimento desejado, acabam por desistir dessas zonas. Mas tornam-se mais inventivos, vamos ver graffiti’s em locais mais interessantes.

Espero que haja quem ande de máquina fotográfica em punho para poder capturar essas efémeras obras de arte.

É caso para dizer que ainda muita tinta vai correr sobre este assunto...

Acho extraordinária a complacência com que a comunicação social tem tratado Ferro Rodrigues em relação aos episódios das escutas telefónicas.

A situação assume contornos surrealistas. Após a exibição de um telemóvel reclamando aquele o único aparelho que usa para todas as conversas telefónicas, pessoais e políticas aparece uma transcrição em que o próprio sugere a continuação de uma conversa num outro telemóvel.

Vale a Ferro Rodrigues não haver ninguém com coragem para querer assumir os rumos do PS neste momento. As (re)entradas triunfantes na vida política fazem-se sempre melhor nos tempos de retoma política dos partidos, que o diga Durão Barroso.

Esta é a silliest season ever...

Bem sei que isto é um lugar comum terrível, mas realmente há coisas na vida que nos dão uma volta completa e nós mal apercebe-mos. E mesmo que nos aperceba-mos aceitamos com uma tal naturalidade que não sentimos necessidade alguma de pensar no assunto.

Dito isto. Hoje ganhei um belo poio, amarelinho torrado e, acima de tudo, espontâneo. Sei que vou dormir mais descansado.

Tivesse eu de férias e muitos mais postes veriam por aqui... Mas não estou e o tempo escasseia-me.