sábado, julho 12, 2003
Futurologias II – Macroeconomia
[ No seguimento do “Futurologias I” e, for the sake of argument, partindo do principio que tudo o que lá se disse está correcto (caso queiram rebater esse post, que eu agradeço, podem sempre faze-lo nos comentários a esse post) ]
Multinacionais, investimento, impostos e desemprego.
Actualmente o sistema defendido pela maioria dos peritos economistas é o da baixa de impostos sobre empresas, a desregulamentação das actividades económicas e mercado de trabalho e a abolição de tarifas aduaneiras de forma a incentivar o investimento e o comércio internacional. Esta opinião baseia-se na actual prosperidade dos países onde já estão em vigor estas medidas e ora abertamente ora de forma mais encoberta (3ª via) direita e esquerda (menos radical) se aproximam destas premissas.
No entanto a durabilidade desta forma de gerir a economia encontra-se, a meu ver, ameaçada exactamente pelos princípios que actualmente a fazem funcionar – a racionalização de custos. As empresas tentam produzir o mais possível com os menores custos possíveis.
Com a continua introdução das Novas Tecnologias nos ambientes de trabalho, nesta nova fase eliminando não só postos de trabalho nas fábricas mas também nos centros de decisão substituindo quase todos os cargos até à administração (e mesmo assim...) as empresas vão dispensando trabalhadores que são substituídos por robôs e por vários softwares (chamados agentes) que assimilaram a lógica do negócio e que, dotados de uma fabulosa capacidade de cálculo e acesso instantâneo a variadíssimas fontes de informação (entre as quais os dados dos outros agentes com funções directamente relacionadas com as suas) desempenham as mesmas tarefas com menores tempos de resposta e com custos de manutenção negligenciáveis.
Com o aumento vertiginoso do desemprego secam as principais fontes de receita do estado (impostos sobre rendimentos de trabalhadores por conta doutrem e impostos sobre o consumo). Com o medo de afugentar os investidores os estados evitam aumentar os impostos sobre as empresas, o deficit público dispara.
Por outro lado temos uma população de involuntários indigentes sem emprego e sem assistência nessa condição pois mesmo que o seu estado tenha sistemas de segurança social e subsídio de desemprego este, como já se viu, não terá condições de cumprir com as suas obrigações.
Teremos também empresas ultra automatizadas, com as fábricas paradas, sem ter a quem vender os seus produtos.
Como estaremos daqui por 15/20 anos?
Actualizações:
(Segunda-feira, Julho 14, 2003)Um excelente texto n’A Lâmpada Mágica que desenvolve este tema. Vale a pena.
(Terça-feira, Julho 15, 2003)O Jaquinzinhos comentou este post e promete mais. Alvíssaras!! Respondo-lhe aqui à pergunta colocada: “E porque os computadores já computam há algumas décadas, pergunta o ‘jaquinzinhos’ onde param esses milhões de desempregados que o silício condenou a esse desemprego final. Superma incongruência: não só não existe, como são justamente as indústrias de novas tecnologias que mais gente empregam. Afinal, alguém tem que construir os robots.”
1º Eu não afirmo que estas alterações já ocorreram, indico apenas que estamos na sua véspera, há apenas embriões em desenvolvimento e que durante os próximos anos (5?) entrarão em pleno funcionamento. Como já disse tem havido uma transferência da população activa entre sectores de actividade, primário para secundário e secundários para terciário. Sendo os trabalhadores substituídos por softwares no sector terciário, como já foram pela maquinaria agrícola no primário e pela robotização no secundário, não há em vista nenhum novo sector de actividades pronto a receber mão-de-obra em grandes quantidades.
2º Efectivamente as indústrias de novas tecnologias têm vindo a absorver bastante mão-de-obra mas esta, ou é redundante caso as minhas previsões de automação do sector terciário se realizem, ou trata-se de técnicos altamente especializados e/ou criativos, o que, infelizmente, deixa de parte a grande maioria da população terrena. Onde se empregam esses?
(Quinta-feira, Julho 17, 2003)Mais uma vez em resposta a mais três [ 1 | 2 | 3 ] posts no Jaquinzinhos:
Devo começar por dizer que este debate se tem virado para o problema da industrialização e a automação/robotização das fábricas e que não é esse o cerne do problema que eu queria esmiuçar, e esse problema é o da automação do sector dos serviços assim como já aconteceu, e continua a acontecer, na agricultura e na industria.
O processo de migração de mão-de-obra entre sectores de actividade é sempre doloroso, nem todos os que perdem o seu emprego num sector conseguem munir-se das qualificações necessárias para dar o “salto”, isto é particularmente evidente na passagem da industria para os serviços, sendo raros os casos de pessoas que conseguem dar o salto, normalmente vão-se arrastando pelas antigas funções trabalhando em condições cada vez mais precárias e a passagem acaba por ser feita pela geração seguinte, mais preparada e com a cabeça ainda não entorpecida.
Quando falo da entrada na automação dos serviços, e atenção é aqui que temos que puxar pela imaginação e pensar para além do que já existe hoje tentar prever o que está à porta e prestes a entra, não estou propriamente a falar de folhas de cálculo, processadores de texto ou programas de contabilidade. Estou a falar de sistemas autónomos com ligações às unidades produtoras que sozinhos fazem a gestão completa, em termos de dia a dia, de uma empresa negociando com outros sistemas autónomos.
A cumprir-se este cenário (que não tem sido contestado) a quantidade de mão-de-obra a ser libertada seria imensa, e mais uma vez não estou a falar de fabricas, os únicos empregos postos disponíveis seriam em cargos superiores de gestão e técnicos altamente qualificados, programadores, cientistas, etc..
Que se faz ao resto da população?
Multinacionais, investimento, impostos e desemprego.
Actualmente o sistema defendido pela maioria dos peritos economistas é o da baixa de impostos sobre empresas, a desregulamentação das actividades económicas e mercado de trabalho e a abolição de tarifas aduaneiras de forma a incentivar o investimento e o comércio internacional. Esta opinião baseia-se na actual prosperidade dos países onde já estão em vigor estas medidas e ora abertamente ora de forma mais encoberta (3ª via) direita e esquerda (menos radical) se aproximam destas premissas.
No entanto a durabilidade desta forma de gerir a economia encontra-se, a meu ver, ameaçada exactamente pelos princípios que actualmente a fazem funcionar – a racionalização de custos. As empresas tentam produzir o mais possível com os menores custos possíveis.
Com a continua introdução das Novas Tecnologias nos ambientes de trabalho, nesta nova fase eliminando não só postos de trabalho nas fábricas mas também nos centros de decisão substituindo quase todos os cargos até à administração (e mesmo assim...) as empresas vão dispensando trabalhadores que são substituídos por robôs e por vários softwares (chamados agentes) que assimilaram a lógica do negócio e que, dotados de uma fabulosa capacidade de cálculo e acesso instantâneo a variadíssimas fontes de informação (entre as quais os dados dos outros agentes com funções directamente relacionadas com as suas) desempenham as mesmas tarefas com menores tempos de resposta e com custos de manutenção negligenciáveis.
Com o aumento vertiginoso do desemprego secam as principais fontes de receita do estado (impostos sobre rendimentos de trabalhadores por conta doutrem e impostos sobre o consumo). Com o medo de afugentar os investidores os estados evitam aumentar os impostos sobre as empresas, o deficit público dispara.
Por outro lado temos uma população de involuntários indigentes sem emprego e sem assistência nessa condição pois mesmo que o seu estado tenha sistemas de segurança social e subsídio de desemprego este, como já se viu, não terá condições de cumprir com as suas obrigações.
Teremos também empresas ultra automatizadas, com as fábricas paradas, sem ter a quem vender os seus produtos.
Como estaremos daqui por 15/20 anos?
Actualizações:
(Segunda-feira, Julho 14, 2003)
Um excelente texto n’A Lâmpada Mágica que desenvolve este tema. Vale a pena.(Terça-feira, Julho 15, 2003)
O Jaquinzinhos comentou este post e promete mais. Alvíssaras!! Respondo-lhe aqui à pergunta colocada: “E porque os computadores já computam há algumas décadas, pergunta o ‘jaquinzinhos’ onde param esses milhões de desempregados que o silício condenou a esse desemprego final. Superma incongruência: não só não existe, como são justamente as indústrias de novas tecnologias que mais gente empregam. Afinal, alguém tem que construir os robots.”(Quinta-feira, Julho 17, 2003)
1º Eu não afirmo que estas alterações já ocorreram, indico apenas que estamos na sua véspera, há apenas embriões em desenvolvimento e que durante os próximos anos (5?) entrarão em pleno funcionamento. Como já disse tem havido uma transferência da população activa entre sectores de actividade, primário para secundário e secundários para terciário. Sendo os trabalhadores substituídos por softwares no sector terciário, como já foram pela maquinaria agrícola no primário e pela robotização no secundário, não há em vista nenhum novo sector de actividades pronto a receber mão-de-obra em grandes quantidades.
2º Efectivamente as indústrias de novas tecnologias têm vindo a absorver bastante mão-de-obra mas esta, ou é redundante caso as minhas previsões de automação do sector terciário se realizem, ou trata-se de técnicos altamente especializados e/ou criativos, o que, infelizmente, deixa de parte a grande maioria da população terrena. Onde se empregam esses?
Mais uma vez em resposta a mais três [ 1 | 2 | 3 ] posts no Jaquinzinhos:
Devo começar por dizer que este debate se tem virado para o problema da industrialização e a automação/robotização das fábricas e que não é esse o cerne do problema que eu queria esmiuçar, e esse problema é o da automação do sector dos serviços assim como já aconteceu, e continua a acontecer, na agricultura e na industria.
O processo de migração de mão-de-obra entre sectores de actividade é sempre doloroso, nem todos os que perdem o seu emprego num sector conseguem munir-se das qualificações necessárias para dar o “salto”, isto é particularmente evidente na passagem da industria para os serviços, sendo raros os casos de pessoas que conseguem dar o salto, normalmente vão-se arrastando pelas antigas funções trabalhando em condições cada vez mais precárias e a passagem acaba por ser feita pela geração seguinte, mais preparada e com a cabeça ainda não entorpecida.
Quando falo da entrada na automação dos serviços, e atenção é aqui que temos que puxar pela imaginação e pensar para além do que já existe hoje tentar prever o que está à porta e prestes a entra, não estou propriamente a falar de folhas de cálculo, processadores de texto ou programas de contabilidade. Estou a falar de sistemas autónomos com ligações às unidades produtoras que sozinhos fazem a gestão completa, em termos de dia a dia, de uma empresa negociando com outros sistemas autónomos.
A cumprir-se este cenário (que não tem sido contestado) a quantidade de mão-de-obra a ser libertada seria imensa, e mais uma vez não estou a falar de fabricas, os únicos empregos postos disponíveis seriam em cargos superiores de gestão e técnicos altamente qualificados, programadores, cientistas, etc..
Que se faz ao resto da população?
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